Dia de sol, cheira a Carnaval em Luanda, são feitos os últimos preparativos na marginal para mais um dia de folia. Para quem é natural de Torres Vedras, sabe que o próprio Carnaval é nesta cidade, este ano apimentado pela polémica das imagens de mulheres nuas coladas no monitor de um Magalhães em tamanho gigante… ainda dizem que o Ministério Público é lento a tomar decisões. Quem disse isso? Éi, esperem… parece que afinal quem condenou, voltou a descondenar… e assim vai Portugal. Se bem conheço os foliões de Torres este ano vai rebentar… ai que saudades!
Dia de recordações. Faço hoje, no tempo que me vai restando durante o dia, um balanço dos últimos 457 dias (tempo que estou em Luanda) do que aqui passei e de tudo o que senti e vivi, tentando dar sempre o meu melhor.
Recordo-me da praia, do sol, dos finais de tarde sobre a baía assistidos de “camarote” com a Canon em punho. A beleza pura e intacta da Fenda da Tundavala, da deslumbrante descida da Serra da Leba, onde consegui escapar duas vezes e outras mais o faria, com tempo. As lindas viagens a Porto Amboím, Sumbe, Lobito, Huambo e até mesmo a Ndalatando, passando por estradas e aldeias e picadas incertas e paisagens de incontável beleza. A ilha do Mussulo, o Parque da Quiçama, a praia de Santiago, também conhecida pela praia dos barcos encalhados, no meu caso o nome mais apropriado seria: Praia dos Carros Encalhados. Recordo com saudade os dias passados em São Tomé… tenho a certeza que um dia lá voltarei. A liberdade. A nostalgia incontrolável de cada regresso em cada viagem. Recordo os jantares. Os petiscos na Palhota no final da semana e o leitão ao domingo, onde as conversas são como as cervejas - há sempre lugar para mais uma. Lembro ainda outros jantares, inesperados ou talvez não, no Del Mar, no Pims, na Vila Alice e outros mais, os almoços na ilha, numa cadeira de praia, em paz...
Mas nem tudo são rosas, recordo também os momentos menos bons... A minha ausência constante nos dias mais importantes de uma vida. O aniversário do meu filho, o da minha mãe, dos meus irmãos, das minhas sobrinhas, o meu aniversário, os casamentos dos meus melhores amigos, o Natal, o Carnaval, etc… são tantos que me fazem sentir que falhei. Recordo ainda o momento e o dia em que parti, meio à pressa e sem pressa, com as minhas dúvidas, os meus receios, as minhas incertezas e com uma angústia horrível de deixar para traz o meu tesouro: tu Dany!
Recordo os dias de trabalho. A directa feita no Festival da Blue, onde o cansaço era tanto que até vómitos tive. O tempo e a paciência que muitas vezes se esgota e me consome. As alegrias partilhadas com os putos da equipa, as gargalhadas das coisas boas, a Blue Team, etc… Mas recordo acima de tudo os meus amigos. Os que sempre me apoiaram e acarinharam mesmo longe, dando-me a motivação nos momentos mais tristes. Os outros que aqui reencontrei e os que ganhei, com uma força desmedida e que nunca me deixaram sentir só. É verdade, nunca me senti só.
Não me digam que existem coincidências, as coisas acontecem-nos por algum motivo e é fascinante como conhecemos pessoas que nos transformam a vida e trazem-nos tantas experiências novas.
Beijos e abraços,
Conde de Angola
De Alexandra Feliciano a 25 de Fevereiro de 2009 às 14:04
São muitas as datas que não passas connosco, mas nunca, mas mesmo nunca tens de sentir que falhaste, és um GRANDE LUTADOR e admiro-te muito por isso, sei que não é nada fácil (tomara eu ter a tua força).
Sabes que estás sempre presente no meu pensamento e de todos aqueles que te amam.
Bjo grande de saudades
De Morais a 8 de Março de 2009 às 01:06
Viva, estou a um passo de embarcar para Luanda e ando a pesquesiar na net relatos como é a vida em Luanda e Angola no geral, e ao ler este blog encoraja-me a ir, certo que é um país inseguro com necessidades básicas mas estou confiante que será uma "aventura para a vida" como o sr ja relatou aqui, o que me leva a ir para Luanda e a aventura e a oportunidade de viver novas experiencias, encorajo a postar mais noticias de como é a vida em Luanda. obrigado pela atençao.
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